Saturday, July 22, 2006

Gosto tanto do lado esquerdo
Meu corpo é mais sensível deste lado
É mais difícil lidar com este lado
Ele necessita de mais atenção
Do contrário, ele se finge de burrinho
Momento de procura da melhor forma de lidar com o esquerdo


Era uma vez um dedo
Vivia normal, desempenhando suas tarefas normais. Não exigiam grandes coisas dele.
Mindinho. Era inho mas estava na ponta, tinha uma certa vantagem, mas não tanta esperteza.
Seu irmão da outra ponta, pensava mais nas coisas, mas era um pouco vagaroso, mais gordinho, menos desafiador, mas tinha grandes evidentes importâncias. Danem-se as importâncias. E dane-se o Outro. O Mindinho é essencial, ainda mais deformado.
Ser um dedo corcunda é ótimo:
não precisa ficar grudado com outros;
se for instrumentista, é o bam bam bam;
tira meleca que é uma beleza;
tem uma feiúra solitária e curiosa, mas sempre colabora com boa vontade;
às vezes dá uma travadinha....
Mas todas as travadinhas do mundo são compensadas depois mesmo!
Quem não trava às vezes?!?
ctrl alt del
revigorado. mantém-se o ciclo....
Deduzo o dedo, e ele me dedura.

Saturday, July 08, 2006

Daqui a pouco

De passagem
poeiras disputam meu corpo
Olhos abertos, estáticos
Não os pisco pra não me perder no intervalo
imperceptível de uma sempre quase existência
E o frio irmão gêmeo do quente, igual, me faz companhia
Não se sabe mais se o fundo é cinza, azul ou preto
Sei que olho pra cima
Corpo farto de tudo, luz
sombra, penumbra...
Não importa a escolha
Hiberno
Várias eras através do segundo, paralisado e poderoso, sono...
Se sabe tanto, já não é preciso lembrar nem provar...
Despertar e correr desesperado
Compensar, saltar o vazio
Falso louco, confundido
Fingir presença coça tanto
Fingir que não coça, séria agonia jocosa
Coçar escondido fere e arde
Arde verdade fumegante!
Transmita no cheiro,
No minúsculo gesto dentro do grandioso.
Ulule pro mundo surdo
Sorria ao cego triste
O resto, meu grande resto...
Importante, mas e aí?
Uma casa de bactérias,
Meu corpo
De passagem.