Não
Nego, por que não devo negar
Nego, pois sei que não posso controlar
Nego, pelo medo de me ser negado
Me escondo atrás do não,
sisudo palavrão
Não
Nego, por que não devo negar
Nego, pois sei que não posso controlar
Nego, pelo medo de me ser negado
Me escondo atrás do não,
sisudo palavrão
Augusto dos Anjos
De onde ela vem?! De que matéria bruta
Vem essa luz que sobre as nebulosas
Cai de incógnitas criptas misteriosas
Como as estalactites duma gruta?!
Vem da psicogenética e alta luta
Do feixe de moléculas nervosas,
Que, em desintegrações maravilhosas,
Delibera, e depois, quer e executa!Vem do encéfalo absconso que a constringe,
Chega em seguida às cordas do laringe,
Tísica, tênue, mínima, raquítica ...Quebra a força centrípeta que a amarra,
Mas, de repente, e quase morta, esbarra
No mulambo da língua paralítica.
No branco solitário
Basicamente palavras
Racionais na mente, na ponta da língua...
Estúpida exteriorização do irrepresentável
Canal mais viável...palavra
Vívida e afável num instante,
num segundo.
Segura no impulso, inspiração.
Incerta na execução, expiração.
Apropriação do espaço
Essencialmente efêmera
Substancialmente bela
Anúncio. Dispensável na fome,
no excesso, no medo...
Equivocada no amor.
Depois de voltar de um lugar todo errado.....alcoolizada.....
patético, mas humano....
catarro fluorescente
mediocridade iminente
resto verde de paspalhos tristes
palha queimada
no meio da minha sala
coloque sal na minha batata
e não espere esfriar
acenda o meu biscoito
com brasas de plutão
trague meu eu exposto
na virada da amplidão
e se acaso antes disso
comigo trombar
enfie sua linha
na agulha mais robusta
e dê um nó
no nosso desmanchoso
e eterno costurar.