Friday, March 24, 2006


Não


Nego, por que não devo negar

Nego, pois sei que não posso controlar

Nego, pelo medo de me ser negado

Me escondo atrás do não,

sisudo palavrão

Monday, March 20, 2006

...


Meu curioso prêmio
Seu instigante gênio
Intuito fortuito de uma paixão
predição enigmática
simplesmente verdadeira
Emoção contida
de uma mente reprimida
Comoção calorosa esperando
por resposta.
Ação virtuosa por baixo
dos panos.
Abra-te boca!
Exponha-se moça!
Arrisque, rabisque.
Seu pum ti que pum
No meu pa ti que pá
Que amanhã será...
Cala-te boca oca
Cala-te boca mocha
Que esta manhã fosca
quer descansar
Que esta manhã fosca anseia por novamente brilhar...
A Idéia

Augusto dos Anjos


De onde ela vem?! De que matéria bruta
Vem essa luz que sobre as nebulosas
Cai de incógnitas criptas misteriosas
Como as estalactites duma gruta?!
Vem da psicogenética e alta luta
Do feixe de moléculas nervosas,
Que, em desintegrações maravilhosas,
Delibera, e depois, quer e executa!

Vem do encéfalo absconso que a constringe,
Chega em seguida às cordas do laringe,
Tísica, tênue, mínima, raquítica ...

Quebra a força centrípeta que a amarra,
Mas, de repente, e quase morta, esbarra
No mulambo da língua paralítica.


Friday, March 10, 2006

Algo

No branco solitário

Basicamente palavras

Racionais na mente, na ponta da língua...

Estúpida exteriorização do irrepresentável

Canal mais viável...palavra

Vívida e afável num instante,

num segundo.

Segura no impulso, inspiração.

Incerta na execução, expiração.

Apropriação do espaço

Essencialmente efêmera

Substancialmente bela

Anúncio. Dispensável na fome,

no excesso, no medo...

Equivocada no amor.




Monday, March 06, 2006

catarro plutonesco

Depois de voltar de um lugar todo errado.....alcoolizada.....

patético, mas humano....


catarro fluorescente

mediocridade iminente

resto verde de paspalhos tristes

palha queimada

no meio da minha sala

coloque sal na minha batata

e não espere esfriar

acenda o meu biscoito

com brasas de plutão

trague meu eu exposto

na virada da amplidão

e se acaso antes disso

comigo trombar

enfie sua linha

na agulha mais robusta

e dê um

no nosso desmanchoso

e eterno costurar.

Saturday, March 04, 2006

resumo


fantasticamente sem graça é este momento,
tudo disposto tão perfeitamente bagunçado e parado.
tudo de mais legal que existe é torto, arredondado, oval,
maleável, dobrável, perecível...
e a consciência? é do formato de todos os formatos juntos?
nela cabe tudo. e ela, cabe onde??
minha lágima, seu cílio...
nós misturados, afinidade de essências
distintas consciências...
o cheiro da baunilha hoje, é tão diferente do mesmo ontem!
seu sorriso tb não é mesmo, nem o meu...
mas ninguem repara, nem para para observar.
o mínimo, o pequeno, ignorados...
conhecer o todo superficialmente, com pressa, fazendo um resumo.
resumo das pessoas, das cores, cheiros e sensações e resumidamente, pela beirada, estas são imperfeitas palavras de uma desocupada.